Debate na RTP sobre o futuro próximo deste país, depois das eleições de ontem. Um debate muito esclarecedor. Em representação do PS e do governo, o ministro Santos Silva, quando confrontado com a necessidade do PS se aliar com algum dos outros partidos da esquerda, revelou bem o cisma que divide a esquerda ao apelidar de não-democráticos o BE e o PC… Ou seja, com uma demarcação artificial e espúria, arrogante, o PS deita a perder qualquer possibilidade de se ter um governo de coligação de esquerda, pela primeira vez desde o fim da I República. Santana Lopes e Bagão Félix rejubilaram.
Quanto a atribuírem algum significado, político ou sociológico, aos 62% de abstenções ou aos 6% de votos nulos e brancos, quase nada se disse. Ou seja, as the show must go on, fingem que aquilo não foi nada e toca a andar que prá frente é que é o caminho. Julgo mesmo que foi o único item da discussão em que estiveram todos de acordo, do CDS ao PC.
Outro pormenor triste, foi a relutância revelada pelo BE em se assumir como "partido de poder". Não se percebe muito bem, então, o que andam lá a fazer, se não querem ser governo. De que serve votar neles?
Estes dirigentes de partidos políticos teimam em não perceber que a governabilidade do país está em risco. Continuam a agir como se nada mais houvesse para além da alternância no poder entre o PS e o PSD, com apoios de geometria variável no Parlamento consoante o oportunismo político. Acho que estão muito enganados.
3 comentários:
Falaram pouco dos nulos ou brancos...
a dr. Fátima puxou bem o assunto,mas como é de prever, iriam sacudir a água do capote. Com a abstenção foi a mesma coisa, mas já era previsível como o Carlos tinha dito...
Está a começar o Fórum da TSF, sobre a abstenção.
É que quando a coisa der para o torto, estes políticos querem ter as costas quentes, nem que seja com o dinheiro dos contribuintes. Julgam ainda, que ter dinheiro dá para escapar a certas instabilidades sociais e outras coisas afins...
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