Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











terça-feira, junho 16, 2009

A propósito do TGV




Escreve o director do Expresso, no Twitter:



@HenriquMonteiro política tb é manter as clientelas satisfeitas. O incumbente quer satisfazer a sua, mas o desafiante tb e por isso quer adiar.


4 comentários:

Manuela Araújo disse...

Será mesmo adiar? ou será apenas dar os prazos que são necessários?...
como sempre, o objectivo é tirar proveito político.
Gostaria imenso que alguém me explicasse para que serve o TGV (pelo menos o norte-sul) de um modo que eu entendesse ... assim, como se eu fosse muito burra...
É que não percebi ainda!

KW disse...

Eu também gostaria que alguém do Governo deixasse aprendesse a explicar as coisas às pessoas de forma decente.

Mas enquanto esse milagre não aparece, aqui vai:

A actual linha Lisboa - Porto está saturada com a mistura de comboios que circulam a velocidades muito diferentes.

O Alfa faz 2h34 Lisboa - Porto. Mas isso é apenas marginalmente competitivo com o tempo de ir de carro. E tende a atrasar.
É tecnicamente possivel o Alfa andar mais depressa, mas isso aumenta o problema da saturação.

Não é só o Alfa que sofre com a saturação. Todos os outros serviços sofrem e normalmente ainda mais: intercidades, regionais, suburbanos que têm péssimos horários e ainda mais tendência para atrasar.

E os comboios de mercadorias nem se fala, porque ficam só com os restos do tempo disponivel na linha. E como a linha do Norte é a espinha dorsal da ferrovia -- vê quantos portos estão perto dela, quantas outras linhas vão lá ligar -- isso é quase dizer que o transporte ferroviário de mercadorias em Portugal não vai a lado nenhum com a linha do Norte saturada.

O TGV norte-sul irá não só reduzir os tempos de viagem para 1h15-1h35 que arruma complementamente com tempo do automóvel, como libertar a linha do Norte para os comboios regionais e de mercadorias.

E estes dois aspectos são importantíssimos.

Manuela Araújo disse...

Agradeço ao RicardoB a clara explicação.
Deixo, no entanto, aqui o URL para uma opinião diferente, publicada na revista Ingenium de Jan/Fev 2006. Não havia crise, a Europa ainda era a 25, mas parece-me que os pressupostos se mantém: http://www.ordemengenheiros.pt/Default.aspx?tabid=1945

KW disse...

Dois comentários sobre essa opinião.

O meu primeiro problema com isso está patente no seguinte parágrafo:
«Intra-muros, creio que nos bastará a melhoria da linha do Norte que tem muitos detractores, e melhorias nas outras ligações assumidas como importantes face ao tráfego previsível.»

Isto ignora totalmente a questão da saturação da actual linha. E logo, segue-se a ilusão de que se pode melhorar este aspecto *vital* dos transportes em Portugal sem investir uma exorbitância de dinheiro. É uma ideia comum, mas infelizmente incorrecta.

Para ter uma ideia da saturação da linha, ver página 14 -- e hoje em dia já não são 591, são uns 600 e picos comboios diários na linha.
http://www.rave.pt/LinkClick.aspx?fileticket=%2FuPHhLn5Jzw%3D&tabid=180&mid=1326&forcedownload=true

Não há "requalificação" da linha existente que resolva. Por muito que se melhore a linha, os regionais e suburbanos vão continuar a parar a cada em todas as estações e apeadeiros e a fazer médias de 30-50 km/h.

Isto é um aspecto que não tem sido nada focado no debate público -- e o governo tem estado muito mal nesse aspecto -- mas é incontornável.

Nos últimos 2 anos tenho assistido a diversas opiniões sobre a resolução da saturação da linha do Norte, vindas de várias pessoas atentas à ferrovia.
O TGV, como está proposto, não é a única solução. É a que me parece mais realista e exequível, mas não é a única proposta com pés e cabeça que vi. Contudo, estou absolutamente convencido que nenhuma solução para a saturação da linha do Norte irá custar menos de 80% dos 5500 milhões de euros orçamentados para o TGV Lisboa - Porto.

O segundo é que o conceito de que o "TGV não cabe cá dentro" se baseia em exemplos de que país X, Y e Z são mais desenvolvidos e não têm. Isto trata o TGV quase como um luxo e não como um meio de melhorar qualidade de vida e reduzir custos económicos, ambientais e sociais com os transportes.
E torna-se ainda mais fraco quando há um estudo, da altura do Durão Barroso, que compara a opção de 300km/h com a de 250km/h e afirma que a primeira tem a melhor relação custo benefício -- outro "ligeiro" detalhe que o actual governo nunca soube comunicar às pessoas.

E já agora, nem todos os pressupostos se mantém. Entretanto, a Suécia, por exemplo, está a estudar novas linhas de 300-320 km/h porque... as linhas existentes estão congestionadas.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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