Não digo que o PS não possa vencer as próximas eleições legislativas, mas que vai ser muito difícil contrariar os ventos de mudança que surgiram das eleições europeias, lá isso vai.
Nos últimos 4 anos, o PS tratou mal toda a gente, incluindo o seu eleitorado mais fiel. Tal como Paulo Pedroso diz, numa entrevista publicada hoje no Correio da Manhã, as reformas levadas a cabo eram necessárias (até a oposição da direita o dizia…), “mas o governo não pode é tratar o eleitorado como se fosse dispensável”.
Percebe-se o que Paulo Pedroso quer dizer: não se governa sempre com a intenção de angariar votos, mas não é possível governar sempre contra tudo e todos. E foi isso que Sócrates fez, nomeadamente ao assumir a opção “beligerante” face aos sindicatos. O que este governo PS fez, podia ter sido feito por qualquer governo de direita, sem espanto.
O governo fez de conta que a luta de classes é um cenário da Guerra Fria e que, hoje, não faz sentido continuar a dar relevo à acção sindical. Um governo socialista deveria ter tido um papel nivelador na desigualdade existente entre patrões e trabalhadores, mas decidiu promover um novo Código de Trabalho que cava ainda mais essa diferença, liberalizando os despedimentos. Na verdade, Sócrates seguiu as pisadas de Cavaco que, via Bagão Félix, deu inicio à chamada “flexibilização” nos anos 90. O patronato sempre disse que as leis protectoras do trabalhador são contrárias ao desenvolvimento, porque afugentam os investidores. Na verdade, o que eles querem dizer é que essas leis afugentam os investidores que não têm qualquer escrúpulo social. O PS nunca devia ter pactuado com isto.
Hoje, vemos bem como a classe média laboral está desamparada, desempregada, sem capacidade para cumprir com os compromissos que lhe foram impostos pelo sistema: a escola privada dos filhos, a prestação da casa própria ou a prestação do carro. Hoje, Portugal é o país onde existem as maiores desigualdades salariais na Europa, entre o que ganham os gestores (onde não há qualquer tecto salarial) e o salário proposto aos restantes trabalhadores (que é cada vez mais baixo). Este fosso salarial atinge dimensões escandalosas mesmo no sector empresarial do Estado, onde seria mais natural haver algum comedimento nesse tipo de atrevimentos. Mas não há.
Hoje, vivemos num país onde desapareceu a escolha de uma profissão como realização profissional… As pessoas procuram uma carreira preocupadas, apenas, com o sucesso social e financeiro, o que, ironicamente, na actual crise, é cada vez mais difícil.
Para vencer as próximas eleições, o PS teria de alterar este estado de coisas. Não me parece que haja tempo para tarefa tamanha e não sei se o eleitorado vai continuar a fiar-se em promessas eleitorais.
Nos últimos 4 anos, o PS tratou mal toda a gente, incluindo o seu eleitorado mais fiel. Tal como Paulo Pedroso diz, numa entrevista publicada hoje no Correio da Manhã, as reformas levadas a cabo eram necessárias (até a oposição da direita o dizia…), “mas o governo não pode é tratar o eleitorado como se fosse dispensável”.
Percebe-se o que Paulo Pedroso quer dizer: não se governa sempre com a intenção de angariar votos, mas não é possível governar sempre contra tudo e todos. E foi isso que Sócrates fez, nomeadamente ao assumir a opção “beligerante” face aos sindicatos. O que este governo PS fez, podia ter sido feito por qualquer governo de direita, sem espanto.
O governo fez de conta que a luta de classes é um cenário da Guerra Fria e que, hoje, não faz sentido continuar a dar relevo à acção sindical. Um governo socialista deveria ter tido um papel nivelador na desigualdade existente entre patrões e trabalhadores, mas decidiu promover um novo Código de Trabalho que cava ainda mais essa diferença, liberalizando os despedimentos. Na verdade, Sócrates seguiu as pisadas de Cavaco que, via Bagão Félix, deu inicio à chamada “flexibilização” nos anos 90. O patronato sempre disse que as leis protectoras do trabalhador são contrárias ao desenvolvimento, porque afugentam os investidores. Na verdade, o que eles querem dizer é que essas leis afugentam os investidores que não têm qualquer escrúpulo social. O PS nunca devia ter pactuado com isto.
Hoje, vemos bem como a classe média laboral está desamparada, desempregada, sem capacidade para cumprir com os compromissos que lhe foram impostos pelo sistema: a escola privada dos filhos, a prestação da casa própria ou a prestação do carro. Hoje, Portugal é o país onde existem as maiores desigualdades salariais na Europa, entre o que ganham os gestores (onde não há qualquer tecto salarial) e o salário proposto aos restantes trabalhadores (que é cada vez mais baixo). Este fosso salarial atinge dimensões escandalosas mesmo no sector empresarial do Estado, onde seria mais natural haver algum comedimento nesse tipo de atrevimentos. Mas não há.
Hoje, vivemos num país onde desapareceu a escolha de uma profissão como realização profissional… As pessoas procuram uma carreira preocupadas, apenas, com o sucesso social e financeiro, o que, ironicamente, na actual crise, é cada vez mais difícil.
Para vencer as próximas eleições, o PS teria de alterar este estado de coisas. Não me parece que haja tempo para tarefa tamanha e não sei se o eleitorado vai continuar a fiar-se em promessas eleitorais.
A oposição já se prepara para regressar ao poder. Ainda hoje, no Diário de Notícias, Paulo Rangel confirma um provável cenário de acordo pós-eleitoral entre o PSD e o CDS, para formar um governo de coligação.
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4 comentários:
Está tudo tão clara e concisamente exposto, que se torna surpreendente!
Resta pois, esperar para ver, em que é que tudo isto vai dar. Por mim, podia ruir a dita democracia capitalista e recomeçar uma nova democracia, baseada nos direitos à cidadania!
Será utópico?
Fada, utópico não será mas a trama dramática ainda não está madura para esse cenário.
O CN tem alguma razão, o PS com Sócrates afrontou alguns lobbies instalados na administração, fez alguma reforma necessária mas esqueceu-se de que ou fazia as reformas em bloco e profundamente ou sujeitava-se à dura e concertada reacção por parte dessas forças, foi o que aconteceu. Por outro lado esqueceu a debilidade da trama social dos reformados e das baixas qualificações e não quis tocar o topo da aristocracia financeira. Resultado: ficou no meio, colherá nas areias do deserto.
A análise é sucinta mas está bem fundamentada e estruturada, tocando nas teclas essenciais.O problema desta governação foi, por exemplo, o PS ter esquecido aquilo que tanto criticou durante anos a um PSD esmagadoramente maioritário. E esse problema não reside nas decisões, antes na forma como são tomadas e na maneira como são transmitidas. Não é necessário a tibieza guterrista,mas o autismo quase absolutistae arrogante a que o PS diligentemente se dedicou deitou muita coisa a perder. Por outro lado, José Sócrates falhou abjectamente em muitos domínios revelando que entre o discurso bem ensaiado (mas, mesmo assim, por vezes nada convicente) e a prática vai um mar de distância. Deixou-se ainda enredar num conjunto de escolhas claramente desastrosas, como é o caso de Manuel Pinho e Mário Lino e da própria Maria de Lurdes Rodrigues a quem a imposição de uma dupla daquelas como secretários de Estado também nada ajudou.
Nesta altura, penso que o diagnóstico está feito mas que o PS vive o drama de saber ser praticamente impossível corrigir em dois meses (Agosto é mês de férias, não esqueçamos) o que estragou durante os últimos 2 anos e meio. E mesmo que o tente fazer, estará fadado a que a Oposição e a Comunicação Social lhe caiam em cima acusando-o de eleitoralismo.
Curiosamente, à Direita Rangel já apresentou a fórmula de sucesso: coligação com o PP pois o que o importa é regressar ao poder o mais rápido possível.
Assim não vamos lá.
Obrigada PQ e Ferreira Pinto, pelas elucidações, mas penso que todos, no fundo sabemos, que de uma forma ou outra, não vamos lá. Seja por que lado formos, estaremos sempre "dentro", do comando do "centrão", assim que penso que se terá de amadurecer uma nova forma de Democracia.´Terá é de ser breve, isto é, se a vontade do cidadão ainda for significativa,claro... e se estivermos dispostos a defender os nossos direitos.
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