Este caso da Autoeuropa é paradigma da imoralidade do sistema neo-liberal que, com raras excepções, se instalou em quase todos os países do Mundo.
Os trabalhadores recusaram perder mais direitos laborais e disseram não à proposta patronal de pagar menos pelas horas extraordinárias em seis sábados por ano, segundo ouvi na TSF. A proposta partiu da administração da empresa que pretende tornar a fábrica da Wolkswagen mais competitiva, reduzindo o custo da mão-de-obra, apesar deste factor não pesar mais de 5% nos custos de produção da fábrica. Pelo caminho, ficaram ameaças veladas de deslocalizar a fábrica, numa tentativa obvia de influenciar pelo medo a decisão dos trabalhadores.
Ninguém tem dúvidas de que os donos da Wolkswagen não hesitarão em fechar a fábrica portuguesa, caso considerem que vão ganhar mais dinheiro para outro lado qualquer. No fundo, tudo se resume a isso: ganhar mais dinheiro.
Quando nos anos 90 se começou a ouvir falar em globalização, na necessidade de quebrar todas as barreiras ao comércio livre mundial, percebeu-se que os capitalistas babavam-se pelos lucros potenciais que existem em mercados de biliões de pessoas, nomeadamente o chinês e o indiano. Na altura disseram-nos que íamos todos beneficiar com essa globalização, que os produtos iam chegar aqui mais baratos, porque os chineses produziam barato. Não nos disseram que íamos correr o risco de ficarmos todos desempregados, que os capitalistas iam todos fechar as empresas no hemisfério norte para reabri-las nos mercados asiáticos onde podem alegremente explorar indecentemente todo o tipo de mão-de-obra, mesmo a infantil.
Por mim, podem voltar a reerguer as barreiras alfandegárias, a taxar os produtos importados, a definir contingentes de importação. Prescindo das t-shirts a 5 € que se vendem no Continente. Prefiro dar 15 € por umas feitas em Vila do Conde.
Hoje, lamento ver como os dirigentes de um país se rebaixam aos ditames da administração de uma fábrica. O nosso ministro da economia disse esperar que “os trabalhadores reconsiderem as consequências que uma decisão destas pode ter”, deitando para cima dos torneiros mecânicos o ónus da questão e ilibando os gestores de qualquer tipo de má-fé. Também a promitente primeira-ministra, Manuela Ferreira Leite, falou em “bom senso” – coisa que na opinião dela faltará na cabecinha dos electricistas e fresadores. Nenhum deles defendeu os direitos de quem trabalha na Autoeuropa.
Os trabalhadores recusaram perder mais direitos laborais e disseram não à proposta patronal de pagar menos pelas horas extraordinárias em seis sábados por ano, segundo ouvi na TSF. A proposta partiu da administração da empresa que pretende tornar a fábrica da Wolkswagen mais competitiva, reduzindo o custo da mão-de-obra, apesar deste factor não pesar mais de 5% nos custos de produção da fábrica. Pelo caminho, ficaram ameaças veladas de deslocalizar a fábrica, numa tentativa obvia de influenciar pelo medo a decisão dos trabalhadores.
Ninguém tem dúvidas de que os donos da Wolkswagen não hesitarão em fechar a fábrica portuguesa, caso considerem que vão ganhar mais dinheiro para outro lado qualquer. No fundo, tudo se resume a isso: ganhar mais dinheiro.
Quando nos anos 90 se começou a ouvir falar em globalização, na necessidade de quebrar todas as barreiras ao comércio livre mundial, percebeu-se que os capitalistas babavam-se pelos lucros potenciais que existem em mercados de biliões de pessoas, nomeadamente o chinês e o indiano. Na altura disseram-nos que íamos todos beneficiar com essa globalização, que os produtos iam chegar aqui mais baratos, porque os chineses produziam barato. Não nos disseram que íamos correr o risco de ficarmos todos desempregados, que os capitalistas iam todos fechar as empresas no hemisfério norte para reabri-las nos mercados asiáticos onde podem alegremente explorar indecentemente todo o tipo de mão-de-obra, mesmo a infantil.
Por mim, podem voltar a reerguer as barreiras alfandegárias, a taxar os produtos importados, a definir contingentes de importação. Prescindo das t-shirts a 5 € que se vendem no Continente. Prefiro dar 15 € por umas feitas em Vila do Conde.
Hoje, lamento ver como os dirigentes de um país se rebaixam aos ditames da administração de uma fábrica. O nosso ministro da economia disse esperar que “os trabalhadores reconsiderem as consequências que uma decisão destas pode ter”, deitando para cima dos torneiros mecânicos o ónus da questão e ilibando os gestores de qualquer tipo de má-fé. Também a promitente primeira-ministra, Manuela Ferreira Leite, falou em “bom senso” – coisa que na opinião dela faltará na cabecinha dos electricistas e fresadores. Nenhum deles defendeu os direitos de quem trabalha na Autoeuropa.
7 comentários:
Este (neo-liberal) é "o estado a que isto chegou".
O que me arrepia é que, mesmo com tantos avisos, os políticos ainda continuem a caminhar na mesma escarpa, aos saltos, como se fossem insconscientes crianças saídas do colo.
Isto é tudo tão imoral... é tudo tão injusto que dá vontade de chorar. É um compadrio tal, como diz, que dá vontade de reduzir os capitalistas a cinzas. Isto da Autoeuropa, da Kimonda e outras empresas capitalistas, anda a ser noticiado há meses na TSF, veja bem a preocupação desses empregados.
Mas o que mais me revolta, é que quando nos prometeram mundos e fundos, já sabiam de antemão o que iria acontecer. Isto foi planeado há décadas e com prazos a cumprir. Foi feito na forja.
Programaram até guerras na Europa, para eliminar muita gente, que consideram a mais no mundo. Ainda têm estes assassinos, a lata de dizer que o terrorista é o Bin Laden?!
E vamos usufruindo da blogosfera enquanto podemos, pois com a "Núvem" do Bill Gates, até isso nos vão tirar a breve prazo. Ditadura Mundial é o objectivo desses terroristas, com nome de capitalistas!
Os que trabalham são esbulhados e a Crise é pretexto e biombo para isso. Os poderes políticos sucumbem aos ditames rascas e imorais do poder económico. A quem recorrer, no meio de esta vergonheira civilizada e ocidental?!
Tudo se mecaniza. O desemprego alastra muito para além da Crise e os empregos perdidos provavelmente nunca mais retornarão, obrigando milhões de famílias a quedras abruptas nos patamares de bem-estar.
Fazer carros como fazer aviões pode ser plenamente automatizado, se não fossem escrúpulos remanescentes. As deslocalizações para outros mercados de mão de obra barata implicarão futuras recolocações quando houver coragem nas multinacionais de baixar o custo em mão de obra para os 0%.
Não andamos longe de esse cenário, a par do advento inexorável do fim do trabalho e do rendimento do trabalho. Em última análise desaparecerá o mercado na proporção em que desaparece o trabalho, mas a ganância multinacional não vislumbra mais que o ganhar mais dinheiro.
O problema é que a nossa economia para além de medíocre (ou seja, não produzimos quase nada) está fortemente dependente de meia dúzia de empresas que valem uma parte significativa do PIB e das exportações, sendo a maior a Autoeuropa. Coisa impensável em países industrializados, onde as maiores não deixam de ser insignificantes, ou seja, a falência de toda a GM é pouco mais que inexpressiva para a economia dos EUA, enquanto que o fecho da Autoeuropa (uma única fábrica)seria um abanão na portuguesa. Claro que, neste tipo de posição, ao governo resta agachar-se.
O problema vai ser quando já ninguém tiver dinheiro, para satisfazer essa vontade inexoravél de dinheiro e da ganância, levada aos extremos!
Não tarda muito, está tudo a passar fome para "alimentar" os vícios desses predadores!
Este é o verdadeiro resultado do internacionalismo, agora chamado globalização, que nos impingiram. Ainda estamos a tempo de mudar.
Autoeuropa ?
http://bissapa.blogspot.com/2009/05/autoeuropa.html
http://bissapa.blogspot.com/2009/06/poiiiissss-agora-doi.html
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