Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











segunda-feira, janeiro 30, 2006

Mauritânia, 1985 - para além da reportagem (3)

A primeira preocupação, quando acordei na primeira manhã de detenção domiciliária, foi ir à janela espreitar, para ver onde estava o polícia que nos guardava. Não vi nenhum. Fui ao terraço da casa, para ver melhor. Não havia qualquer polícia à volta da casa, nem nas imediações. Depois do pequeno-almoço, arrisquei sair. Dei uma volta ao quarteirão, depois alarguei o raio de acção. Uma hora depois de andar às voltas da casa, percebi que ninguém nos guardava. Também não tínhamos para onde fugir… aqueles mauritanos eram espertos, sem dúvida. Mas tínhamos liberdade de acção. Decidimos ir ao banco trocar dinheiro. O único balcão que havia em Nouadhibou era do Banco Nacional da Mauritânia. Entrámos, não havia outros clientes. Fomos rapidamente atendidos pelo único funcionário à vista. Dissemos ao que íamos. Prontificou-se imediatamente a realizar a operação. Trocámos uma nota de 100 dólares americanos, julgo. O funcionário tinha um impresso na mão e procurava qualquer coisa… ao fim de uns minutos voltou ao balcão e perguntou-nos se tínhamos numa caneta… tínhamos. Pediu-nos a bic emprestada e entrou num gabinete, de caneta e papel em riste. Regressou com o papel preenchido e assinado pelo director do banco. No final, oferecemos a bic ao Banco Nacional da Mauritânia.

4 comentários:

Isabela Figueiredo disse...

E deve ter sido a única nota de 100 doláres que viram nas vidas! E devem ter feito mal o câmbio! Aposto que não estás a contar tudo, tudinho. Uma história em folhetins... tens cá uma técnica para viciar o pessoal!

CN disse...

sim, há coisas que não se podem contar. o decoro a isso obriga...

armando s. sousa disse...

A esferográfica parece ser uma coisa valiosissíma em países do terceiro mundo.
Quando estive em Cuba, os cubanos só me pediam esferográficas.
Deveriam ter um câmbio especial...
Um abraço
PS.O mestre Bocage já foi retratado, em Dez.2005.

aRMAS disse...

(1º comentário = graxa. Mas sincera.)

Carlos,
este teu blog está um espectáculo.

Para além da qualidade das histórias, existe ainda a quantidade.

Parabéns

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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