Recebi uma newsletter do Sindicato dos Jornalistas, onde se dá conta da preocupação que reina entre jornalistas de todo o Mundo, por causa do que está a acontecer com os jornalistas que estão a trabalhar no Iraque, nomeadamente em Bagdad. Segundo essa newsletter, “Bagdad é um dos locais onde nenhum jornalista pode sair em segurança para a rua, como o provam o assassinato recente de três profissionais da televisão iraquiana no mesmo bairro em que Jill Carroll foi sequestrada e o seu tradutor Allan Enwiyah morto”. Desde o início da guerra, já morreram mais de cem jornalistas no Iraque e muitos ficaram feridos (entre eles, a repórter da SIC, Maria João Ruela).
Este alerta fez-me pensar em Maria Grazia Cutuli, uma jornalista italiana que conheci no Sudão. Cruzamo-nos por uns breves três dias, numa aldeia no sul do Sudão. Ela trabalhava para o jornal Corriere della Sera, de Roma.
Em Outubro de 2001, no hall de um hotel em Peshawar, no Paquistão, estava ao telefone e foi ela quem primeiro me viu e me cumprimentou. Foi um encontro ainda mais rápido que o primeiro. Mas foi um momento alegre. Ela era assim, alegre e enérgica. No dia seguinte viajei para Rawalpindi e ela ficou por ali.
Semanas depois, em Novembro, Maria Grazia Cutuli entrou no Afeganistão e foi morta na estrada de Jalalabad para Kabul, por um bando de assaltantes. Tinha 39 anos. As fotos vieram publicadas em vários jornais italianos, quando se soube do sucedido… Com ela morreram outros três jornalistas de diferentes nacionalidades: Harry Burton, 33 anos, camera-man da Agência Reuters; Azizullah Haidari, 33 anos, afegão, repórter fotográfico da Agência Reuters ; Julio Fuentes, 46 anos, repórter espanhol do jornal El Mundo.
Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.
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sexta-feira, janeiro 13, 2006
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Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média
4 comentários:
Seria impensável há anos atrás dizer que um jornalista podia morrer a exercer as funções..
Infelizmente acontece...
não acho... acontece desde há muito, desde que se fez a primeira cobertura jornalística de uma guerra. foi na Guerra da Crimeia, que os ingleses começaram, pela 1ªvez, a enviar repórteres para as frente de batalha. mas, agora, talvez seja pior, porque os jornalistas começaram a ter uma visão demasiado partidária, demasiado comprometida, dos conflitos. É o jornalismo "embedded", que faz com que os jornalistas sejam vistos como inimigos pela outra parte, como veículos de propaganda.
Sem esquecer os jornalistas que morrem "suicidados" longe do campo de batalha por investigarem os negócios de armas que alimentam as guerras...
CN são casos que apenas conhecemos agora mais vivamente porque a televisão explora e muito esse tema..
Porque o jornalismo de rádio não difundia tanto esses acontecimentos como a televisão.
Continuo a acreditar que é de todo uma profissão de "baixo" risco...
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