Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











quarta-feira, março 01, 2006

Comentário ao comentário

A propósito desta série “O Poder da Arte” que tenho estado a publicar aqui, a minha querida Isabel deixou-me este comentário: “tenho um amigo que é "pintor-instalacionista", destes modernos que já não pintam, fazem só umas coisas. Há uns anos fui com ele até à Alemanha e fomos visitar o museu de arte contemporânea em Frankfurt. Foi lixadíssmo, porque cobraram-nos o bilhete, caríssimo, entrámos e aquilo estava em obras nas primeiras 3 ou 4 salas. O meu amigo observou os escadotes, a serradura, as latas de tinta, as placas de madeira e esferovite, com o seu treinado olho analítico-instalacionista, coisa a que eu já estava habituada, porque ele costumava parar na avenida da liberdade para apanhar folhas de plátano do chão e ficar a observar-lhes os veios...Até que me fartei e lhe disse que ia andando para as salas de exposição propriamente. E foi quando ele me disse que aquilo era a exposição, não eram obras. Era mesmo a exposição principal.Sou uma insensível!” Pois deixa-me dizer-te, Isabel, que não és! Fica sabendo que isso aconteceria a qualquer um. A mim mesmo… num dos dias em que andei a observar as “instalações” que Serralves instalou na Assembleia da República, intriguei-me bastante com algumas “peças” que lá estavam…... fartei-me de puxar pela cabeça, mas não conseguia perceber que raio queriam dizer com aqueles sofás deitados, as mesinhas no meio dos corredores…... as cadeiras viradas de patas para o ar… até que escorreguei na cera e percebi que os móveis tinham sido deslocados pelas senhoras da limpeza… hum!...

4 comentários:

Isabela Figueiredo disse...

As senhoras da limpeza, essas artistas... Só te posso dizer que gostei muito, muito mesmo, que estou para aqui a rir-me que nem uma tola - e eu também ficaria a olhar interrogativamente para aquela instalacão de mobiliário. Mas havias de gostar de conhecer esse meu amigo. Por acaso fui visitá-lo no sábado e ele foi uma das pessoas que usou a palavra reificção, a que me refiro. Eu adoro este fulano, porque não vive neste mundo, e esta gente garante-nos sempre alguma humanidade, curiosamente. Tenho imensas histórias dele. Uma outra de que gosto muito foi quando vínhamos a atravessar a ponte, e eu, pá, que vinha quase sem gasolina, manifestei essa preocupação: ele mandou-me desligar o rádio do carro para poupar na dita. E outras. Um abraço, Carlos, gostei muito. Sério.

Isabela Figueiredo disse...

E sou muito sincera, voltando a rever as fotos, acho que os sofás de pernas para o ar e as cadeiras nos corredores são elementos estético-semânticos de grande valor. Onde andam essas mulheres que todos os dias fazem da melhor arte na assembleia da república? Quero uma exposição delas no CCB.

para mim disse...

As senhoras da limpeza ao poder!

Lâmina d'Água & Silêncio disse...

As instalções fazem parte de nossos cotidianos e por essa mesma razão, nós não as vemos... Ou poucos as vêem, como é o caso do amigo da amiga.

Quando essas se encontram em espaços ditos como sendo reservados a elas - as artes - acabam por nos chamar à atenção... Estranhamente, muitos dizem: isso não é arte!!! Isso eu também posso fazer!!! Sim... Podem, mas não fazem... Ou se fazem, como ocorrem em muitos casos, nem percebem que o que estão produzindo, é arte pura e espontânea e ainda assim, poucos se intrigam com elas... Mas na verdade, trata-se apenas de um outro modo de olhar o que está naturalmente ao nosso alcance. É para instigar e o sentido, cabe a cada um que observa de verdade, dar o seu, com as suas vivências e com seus próprios sentimentos. Afinal, arte não se explica. Se sente!!! mas entendo que para muitos, esse sentir é algo de muito diferente...

Obrigada pelo excelente passeio nessa galeria!!!

ò,ó

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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