Ao longo dos anos, vários acordos de paz já foram assinados entre Dacar e a resistência de Casamança, mas nenhum com resultados práticos duradouros. Por uma razão ou por outra, as tréguas acabam sempre quebradas e a guerra não pára. É uma guerra de baixa intensidade, caracterizada por acções pontuais de guerrilha e contra-guerrilha. Dacar sempre insistiu que nunca cederá nem alienará qualquer parte do território, abrindo, contudo, as portas a uma autonomia alargada para Casamança, ideia rejeitada pelas alas mais radicais da resistência, mas que é encarada como uma possibilidade pelas mais moderadas.Resta dizer que a resistência de Casamança encontra um santuário em território da Guiné-Bissau. São os laços tribais e familiares a funcionar. Só para terem uma ideia, posso garantir que há pelo menos sete etnias comuns às regiões de Casamança e Guiné Bissau, pelo menos estas sete: Balanta, Mancanha, Malinké, Felupe (Diola), Mandinga, Fula e Manjaco. É a realidade social que a tal fronteira delineada pelos colonizadores nunca conseguiu fazer desaparecer. Acontece que, muitas vezes, o exército senegalês viola a fronteira com a Guiné-Bissau. Há inúmeros testemunhos, tanto do povo como dos missionários católicos europeus, que garantem ser muito frequentes os combates e os bombardeamentos em território guineense entre "o exército dos Wolof" e os guerrilheiros de Casamança.
Viajar na estrada que bordeja a fronteira senegalesa é uma experiência curiosa. Os felupes, a etnia da região, são extremamente desconfiados e não gostam de visitas inesperadas. Eles lá sabem…

4 comentários:
Se o Carlos Narciso não achar a ideia insensacta, que tal, quando a oportunidade chegar, contar aquele episódio de teatro de guerra do qual você foi o protagonista principal, e que se traduziu de vc escolher no fim de uma longa caminhada pelo mato, uma mina antipessoal para visualizar melhor o horizonte?
A expressão "guerra de baixa intensidade" causa arrepios. Imagino os nervos miúdos, os dentes cerrados, ... Mas no meio de qualquer sofimento, ainda encontramos sorrisos.
caro mgomes, está a confundir histórias... a história da mina anti-carro já a contei e está aqui: http://blogda-se.blogspot.com/2006/01/angola-1999-campo-de-minas_31.html
enfim, está no arquivo, dia 31 de Dezembro, se quiser procurar...
um abraço
Sabe, foi talvez a segunda ou terceira vez que visitei o seu Blog e da última vez que o fiz, lembrei-me de ter visto há uns tempos atrás na RTP2 ou RPT1, o Carlos Narciso contar o episódio da mina anti carro (e não antipessoal), daí me ter lembrado de lhe endereçar o comentário de 12 Março de 2006. Não sabia que já tinha contado a história e a tivesse publicado no último mês de Dezembro. De qualquer das maneiras agradeço-lhe a disponibilidade que emprestou ao esclarecimento.
Um Abraço
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