Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sexta-feira, março 31, 2006

Guiné Bissau, a guerra civil - passar a fronteira

Para passar aquela fronteira precisávamos de duas coisas: um visto para a Guiné-Bissau e uma autorização especial da Polícia de Segurança do Estado senegalesa. Pareciam coisas impossíveis de obter. Mas não foram... no consulado da Guiné-Bissau deparei com um funcionário em fuga, a arrebanhar papéis à pressa. Para ele, representámos apenas uma fonte de rendimentos. Carimbou os vistos e desandou com o dinheiro na mão. Fomos os últimos clientes daquele consulado por muitos meses. Depois, por mero acaso, encontrámos o 1ºsecretário da embaixada portuguesa em Bissau, um diplomata muito pouco convencional apesar de se chamar Magalhães…apanhado desprevenido pela guerra enquanto gozava uns dias de férias em Cap Skiring, uma belíssima estância de praia na costa atlântica de Casamança. Ora, foi esse diplomata quem nos levou à "securité" e que convenceu aquele tipo de óculos escuros a dar-nos um salvo-conduto para passar a fronteira senegalesa. Foi assim que entrámos na Guiné-Bissau, ao 8ºdia de guerra. De Ziguinchor a Bissau são 400 quilómetros, apenas. Levámos dois dias a percorrer essa distância. Os últimos 50 quilómetros foram feitos a pé, contra a corrente humana dos que fugiam de Bissau. Foi uma experiência tremenda, tanto mais que toda a gente dizia que "os brancos estão malucos". Pois se eles fugiam...

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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