Tinham sido descobertos os primeiros vestígios da existência de grandes reservas petrolíferas nos offshores de Casamança, território no Sul do Senegal, e do arquipélago dos Bijagós, território da Guiné-Bissau. Foram momentos de grande nervosismo político. De repente, os poderes políticos percebiam que havia uma fronteira marítima por regular. As primeiras reuniões bipartidas demonstraram bem a dimensão do problema... se a fronteira marítima fosse traçada num paralelo, o petróleo ficava quase todo em águas da Guiné-Bissau, se fosse traçada numa linha de continuidade da fronteira terrestre, a riqueza ficava mais do lado senegalês. Esta "traço" que os colonialistas se esqueceram de riscar iria provocar a desestabilização da região e aumentar, ainda mais, as dificuldades de vida das populações locais.Em Paris, a disputa assumiu foros de cimeira internacional. A França favorecia obviamente a sua antiga colónia, onde de resto mantém grandes interesses económicos, onde tem algumas bases militares e onde reside uma grande comunidade imigrada. Não se conhece (eu não conheço) o papel de Portugal nestas discussões.
Não houve tempo para se chegar a um acordo negociado. Um dia, depois de uma incursão militar senegalesa alegadamente dentro de território guineense, as forças armadas da Guiné-Bissau, numa reacção inédita, bombardeiam uma tabanka (aldeia) senegalesa, perto de Ziguinchor, a capital de Casamança. No dia seguinte, os jornais em Dacar anunciam em manchete 30 mortos e a declaração de imposição do estado de emergência na fronteira, a deslocação de fortes contingentes militares para Ziguinchor e a nomeação de um governo militar para a província. No mesmo dia, a RTP enviou-me para a Guiné-Bissau.
Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.
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domingo, março 05, 2006
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Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média
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