Em Junho de 1998, para o Senegal, a guerra civil parecia ser um cenário ideal. Eliminava a retaguarda dos guerrilheiros de Casamança, e fornecia a oportunidade de jogar uma cartada hegemónica na área petrolífera.
O Senegal entrou nesta guerra para passar a dominar a Guiné-Bissau, e porque, penso eu, acreditava nas acusações lançadas por Nino Vieira contra Ansumane Mané. No dia 14 cheguei a Ziguinchor, num carro alugado em Dakar. Deparei com a fronteira fechada. Os soldados senegaleses não deixavam passar ninguém. Para entrar na Guiné só havia eu, o Carlos Aranha e os dois enviados do jornal Público, Pedro Rosa Mendes e Bruno Rascão. Mas para sair, acotovelavam-se no outro lado da fronteira milhares de pessoas.
Passar aquela fronteira pareceu-nos virtualmente impossível. Do ponto de vista senegalês, do lado de lá estava um duplo inimigo: os guerrilheiros de Casamança e a rebelião de Ansumane Mane. Para mim aquilo era uma espécie de reprise de um filme já visto anteriormente...
Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.
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quarta-feira, março 29, 2006
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Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média
2 comentários:
Carlos,
Confesso que nem sei como comentar estas publicações, o certo é que eu, embora miuda na altura, ainda tenho gravadas na memória imagens de Angola, quando estalou a guerra, sai de lá com os meus pais em 74, debaixo de fogo, numa coluna de carros que fugia para a Africa do sul, depois fiquei num campo de concentração, essas imagens ficarão gravadas em mim para sempre... imagino que fazer uma reportagem em plena guerra marque tanto, quanto este episódio me marcou a mim, principalmente pelo sofrimento que somos obrigados a assistir e perante o nosso proprio sentir...
Bem hajas por partilhares estas reportagens connosco, quiça as pessoas que nunca passaram por uma guerra, fiquem com uma noção mais correcta do que é passar por esta situação e sobreviver...
Bjx
São memórias cheias de peripécias e com certeza com muita exaustão emocional à mistura. Quando leio estes retalhos de viagem fico sempre com um gosto amargo na boca, quer por quem as vivenciou como viajante repórter, quer por aqueles que se vêm aprisionados a situações das quais se pretendem livrar e ficam cativos. Uma vaga de apreensão tolda-me o pensamento.
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